O que começa no distrito industrial de Itabatã ameaça chegar ao coração do oceano. As barragens da Suzano Papel e Celulose transformaram o Rio Mucuri em um corredor de lama, químicos e destruição. O que antes era vida virou ferida.
Moradores denunciam a mortandade de peixes e o desaparecimento de nascentes. As águas, presas entre comportas e rejeitos, perdem força e transparência. “O rio está morrendo aos poucos”, lamenta um pescador que há décadas vive da pesca artesanal.
A tragédia, porém, não é apenas local. O material tóxico que escorre das barragens pode alcançar o mar, levando risco direto ao Arquipélago de Abrolhos, o maior patrimônio natural marinho do país. Biólogos falam em possibilidade de contaminação por metais pesados e compostos tóxicos — uma bomba-relógio que ameaça toda a cadeia alimentar marinha.
Enquanto isso, as carretas da Suzano destroem as estradas, abrindo crateras e impondo sua presença como um símbolo de poder e impunidade. Nenhum órgão público ousa enfrentá-la de frente.
O Extremo Sul baiano se tornou um campo de batalha entre a natureza e o lucro. Se nada for feito, Abrolhos poderá ser lembrado não por sua beleza, mas como o testemunho final da ganância humana.
Por Redação.
